sexta-feira, 1 de julho de 2011





A noiva de Luzerna
 
  Um casal de velhinhos que morava bem ao fundo de um bambuzal... Eles não tinham filhos e viviam modestamente fazendo cestos e caixotes de taquara. Certo dia, quando o velhinho cortava bambus, viu que um deles brilhava muito pela raiz.
  - Mas o que será isso?
Curioso, o velhinho cortou o bambu com o machado. Dentro do bambu, uma linda menininha! Ela era tão pequenina que cabia na palma da mão. O velhinho levou a menina para casa e mostrou para a mulher:  
  - Foi Deus quem nos enviou!
A velhinha também ficou muito feliz e disse:
  - Vamos chamá-la de Kaguya Hime!
 
  Depois desse dia, o velhinho começou a encontrar outros bambus brilhando. E, de dentro, saíam muitas moedas de ouro. Só havia uma explicação: era a menina quem lhes trazia tanta sorte.    Kaguya Hime cresceu rápido. Depois de três meses, ela se transformou em uma bela moça, tão bela quanto um raio de luar. Logo a beleza da jovem começou a ser comentada pela região. Muitas pessoas vinham só para vê-la e formava-se uma longa fila em frente a casa. Pretendentes também não paravam de chegar: alguns vinham de muito longe, outros eram pessoas importantes. Mas ela...  não queria se casar com ninguém! 

  No entanto, cinco dos pretendentes vinham todos os dias, sempre com pedidos de casamento. Kaguya Hime então disse:
  - Se algum de vocês conseguir trazer os objetos que eu pedir, então me casarei com essa pessoa: um vaso de pedra dos deuses que nunca se quebra, o galho de uma árvore de pedras vermelhas, um manto de pele de animal que não se queima no fogo.
 
 Os objetos que Kaguya Hime pediu eram todos impossíveis de serem conseguidos. Os pretendentes tentaram falsificá-los, mas todos foram desmascarados.   Um dia, o próprio príncipe chegou à casa de Kaguya Hime:
  - Sua beleza é ainda maior que sua fama. 
 e ele pediu:
  - Gostaria muito que se casasse comigo.
Mas a moça respondeu:
  - Eu não posso me casar com ninguém.
O príncipe respeitando a sua vontade, voltou triste para o seu palácio.
       
  As cores do Outono tingia o céu...
  Kaguya Hime começou a olhar para a lua, com grande tristeza... uma tristeza que ia aumentando a cada dia. Os pais ficaram muito preocupados e, então, perguntaram:
  - Por que você fica olhando a lua, assim tão triste?
  - Estou triste porque logo preciso ir embora. Na verdade vim de muito longe. Sou uma princesa do reino da lua e, na próxima cheia, virão me buscar. 
 
  Os velhinhos ficaram muito assustados:
  - como se separar de uma filha tão querida?

  Chegou a temida noite de lua cheia. Os velhinhos pediram ajuda ao príncipe que enviou um batalhão de mil homens para impedir que alguém se aproximasse da casa. A princesa foi levada para o quarto dos fundos e os velhinhos aguardaram ao lado da jovem. 

  De repente, a lua começou a brilhar, brilhar, brilhar cada vez mais forte.
  - Preparem os arcos! gritou o chefe da Guarda!
  Cegos com a luz da lua, ninguém pôde ver a chuva de pétalas que caía, nem a grande comitiva que descia, montada em nuvens, trazendo uma carruagem dourada... Quando todos puderam abrir os olhos, a comitiva já ia alta, levando embora a princesa.

       CONTAM AINDA que Kaguya Hime deixou para os pais uma poção mágica de vida eterna. Mas sem a filha querida, os velhinhos não quiseram viver eternamente. Então, queimaram a poção na montanha mais alta e, até hoje, um fio de fumaça bem branquinha continua subindo ao céu, ou talvez, até a lua... essa montanha é o Monte Fuji.
 

Fonte: texto adapatado de caracóis imaginários


O Jumento, o gelo e o Pardal
Era uma vez um jumento que estava muito cansado e sentiu-se sem forças para ir até o estábulo.
Isso aconteceu no inverno e fazia muito frio. Todas as ruas estavam cobertas de gelo.
- Vou ficar aqui, disse o jumento, deitando-se no chão.
Um pequenino pardal voou para junto dele e murmurou-lhe ao ouvido:
- Jumento, você não está na rua, mas sim sobre um lago congelado, saia daí você pode se machucar.
O jumento estava cansado. Não tomou conhecimento do aviso. Bocejou e adormeceu.
O calor do seu corpo começou aos poucos a derreter o gelo, que, finalmente, estalou e partiu-se.
Ao ver-se dentro d’agua, o jumento acordou aterrorizado. E enquanto nadava na água gelada, arrependeu-se por não ter ouvido o conselho do pardal amigo.
                                                                             Fonte: texto adapatado de caracóis imaginários