ANTIGAMENTE
1. Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.
2. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entremente, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passava a manta e azulava, dando às de Vila-Diogo.
3. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomavam cautela de não apanhar o sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano. Estes, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água.
4. Havia os que tomavam chá em criança e, ao visitarem uma família da maior consideração, sabiam cuspir na escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o portador garantia-lhes: “Farei presente”. Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”; ao que o cumprimentado respondia: “Para sempre seja louvado”. E os eruditos, se alguém espirrava – sinal de defluxo – eram impelidos a exortar: Dominus tecum.
5. Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. É verdade que às vezes os meninos eram encapetados, e chegavam a pitar escondido atrás da igreja. As meninas não: verdadeiros cromos, umas teteias.
6. Antigamente, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim-por-tintim e iam comer o pão que o diabo amassou, lá onde Judas perdeu as botas.
7. Uns raros amarravam cachorros com linguiça. E alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque do tabuleiro, quase sempre um “cabrito”, não tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, traziam as novidades “de baixo”, ou seja, do Rio de Janeiro. Ele vinha dar uma prosa e deixar presente ao dono da casa um canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente, alguns eram mais que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.
8. Acontecia o indivíduo apanhar uma constipação; ficando perrengue, mandava um próprio chamar o doutor e, depois, ia à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença nefasta era a phtysica.
9. Antigamente os sobrados tinham assombrações; os meninos, lombrigas; asthma, os gatos; os homens portavam ceroulas, botinas e capa de goma; a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. London; não havia fotógrafos, mas retratistas e os cristãos não morriam: descansavam.
10. Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora.
(Carlos Drummond de Andrade, Quadrante 1. 4ª Edição, Rio de Janeiro, Editora do Autor, 1966)
Esse eu achei muinto
ResponderExcluirinteressante e fala tambem
sobre uma resseita
e capsula de remedios
fedorentos.
8°anoB
Gleidson
O texto e legal fala muito dos antigos de antigamente dos jeito deles.aluna DANIELA 8°B
ResponderExcluirEu gostei muito,porque ele fala sobre as pessoas de antigamente.fala como se chamava as moças e como os mais velhos se comportavam e muitas outras coisas.gizeli 8°B
ResponderExcluirEu gostei porque fala das pessoas de antigamente.Como eles se vestião.fala tambem dos idosos.O que eu mais gostei e não sei se é verdade,é que antigamente existia as historias de assombraçao,como as historias dos lobisomem que muitas pessoas acreditam.Dainara jacob.8º Ano B
ResponderExcluirMuito interessante,pois fala como se vestia quando encontrava com pessoas de alta classe como eles se cumprimetavam
ResponderExcluire uma parte bem interessante foi o final.
Antigamente os sobrados tinham assombrações; os meninos, lombrigas; asthma, os gatos; os homens portavam ceroulas...
ÓTIMO TEXTO
EU GOSTEI DESSE TEXTO PORQUE
ResponderExcluirMOSTRA COMO SE COMPORTA AS
GAROTAS DA ANTIGUINDADE
DIANTE DE PODEROSOS
E COMO SE VESTIAM POIS MOSTRA
O COMPORTAMENTO
CAROLANE SILVA 8ºANO B
GOSTEI PORQUE MOSTRA O
ResponderExcluirCOMPORTAMENTO DAS MOÇAS
QUE SE MIMAVAM DIANTE
DE ALTEZAS QUE DESENPEAVAM
O SEU COMPOTAMENTO
DEISSE KELLY 8ºANO B
gostei pois fala
ResponderExcluirdo povo de antigamenre
como eles eraam se comportavam
muito interesante
gostei pois fala
ResponderExcluirdo povo de antigamenre
como eles eraam se comportavam
muito interesante
valdeir angelo 8ano c
legal esse texto pois
ResponderExcluirfala como as moças eram antigamente
fa tambem dos mais idosos
em geral muito bom
victoria 8 ano C
Esse eu achei muinto
ResponderExcluirinteressante e fala tambem
sobre uma resseita
e capsula de remedios
fedorentos.
uma parte bem interessante foi o final.
ResponderExcluirAntigamente os sobrados tinham assombrações; os meninos, lombrigas; asthma, os gatos; os homens portavam ceroulas...
jeferson ramos de abreu
Muito bom esse texto, alem de retratar como se vestia e como se comportava antigamente, também conta com a linguagem da daquela época tornando assim a leitura muito interessante, fazendo ate noz pesquisarmos algumas palavras e aprimorar os conhecimentos.
ResponderExcluirBruna de Oliveira Tavares
8 Ano A
esse texto fla como era a cultura das pessoas mas velhas do que a gemte e e mito legal.
ResponderExcluirwascolles 8 amo