terça-feira, 3 de abril de 2012


A mais bela flor 

O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho. Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar. Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria: 
- Veja o que encontrei: 
Na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água ou luz. Querendo me ver livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e me virei. Mas ao invés de recuar ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa: 

O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei; ei-la, é sua. A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá. Então me estendi para pegá-la e respondi: 
- O que eu precisava. 
Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem

 qualquer razão. Nessa hora notei, pela primeira vez,
que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos.
Ouvi minha voz sumir, lágrimas despontaram ao sol enquanto
lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim. 
- De nada, ele sorriu. 
E então voltou a brincar, sem perceber o impacto que teve em meu dia. Me sentei e pus-me a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho. Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente? Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim EU. E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu. E então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.                              
(texto de Teresa Atkins)



O Rei Mendigo

Houve um tempo que a Irlanda era governada por um rei que não tinha nenhum filho.O rei mandou que os mensageiros postassem avisos em todas as cidades do reino.
Os avisos diziam que todo jovem qualificado deveria se apresentar para uma entrevista com o rei como um possível sucessor para o trono.
 Porém, todos os candidatos deveriam ter estas duas qualificações:
(1) Eles devem amar a Deus e
 (2) amar os seres humanos de todas as classes e raças.
Um jovem leu o aviso e refletiu que ele amava a Deus e, também, os vizinhos dele.
Uma coisa, porém o desanimava, ele era tão pobre que não tinha nenhuma roupa que pudesse ser apresentável à vista do rei.
 Nem tinha fundos para comprar o necessário para a longa viagem até o castelo. 
Assim o jovem implorou aqui, e pediu emprestado ali, até conseguir o bastante para as roupas apropriadas e os materiais necessários. 
Corretamente vestido e bem vestido, o jovem partiu, e tinha quase completado a viagem quando  encontrou um pobre mendigo ao lado da estrada.
O mendigo estava sentado, tremendo de frio, coberto apenas por trapos esfarrapados.
Ele estendeu o braço pedindo ajuda.
Sua voz fraca implorou:
- "Tenho fome e frio. Por favor me ajude... Por favor..." 
O jovem comovido pela necessidade do mendigo imediatamente tirou suas roupas novas e vestiu os farrapos do mendigo.
Sem pensar duas vezes deu para o mendigo tudo o que tinha. 
Então, um pouco indeciso, ele continuou a viagem rumo ao castelo vestido com os trapos do mendigo. 
Na chegada ao castelo, um criado do rei o conduziu a um grande corredor.
Depois de um breve repouso, ele foi levado finalmente até a sala do trono. 
O jovem se curvou diante de sua majestade.
Quando levantou os olhos exclamou com surpresa:
- "Você..? Mas é você! Você é o mendigo da estrada!". 
- "Sim", o rei respondeu com uma centelha no olhar, "eu era aquele mendigo". 
- "Mas... você não é realmente um mendigo. Você é o rei! Então, por que você fez aquilo comigo?" o jovem gaguejou depois de recuperar a postura. 
- "Porque eu tinha que descobrir se você realmente tem amor à Deus e por seus semelhantes", disse o rei. “Eu sabia que se eu viesse a você como rei, você ficaria impressionado por minha coroa e minhas roupas reais”.
Você teria feito qualquer coisa que eu pedisse por causa de meu poder real.
Deste modo eu nunca saberia o que verdadeiramente está em seu coração.
Assim eu usei um ardil.
Eu vim a você como um necessitado mendigo.
E eu descobri que você sinceramente ama a Deus e a seus semelhantes. 
Você será meu sucessor", prometeu o rei.
(texto de Teresa Atkins)



A garotinha do parque. 

Descalça e suja, a pequena garota ficava sentada no parque olhando 
as pessoas passar. Ela nunca tentava falar, não dizia uma única palavra. 
Muitas pessoas passavam por ela, mas nenhuma sequer lhe lançava um simples olhar, ninguém parava, inclusive eu. No outro dia eu decidi voltar ao  parque curiosa para ver se a pequena garota ainda estaria lá. 
Exatamente no mesmo lugar aonde ela estava sentada no dia anterior, 
ela estava empoleirada no alto do banco com olhar mais triste do mundo. 
Mas hoje eu não pude simplesmente passar ao largo, preocupada somente com  meus afazeres. Ao contrário, eu me vi caminhando ao encontro dela. Pelo que todos sabemos, um parque cheio de pessoas estranhas não é um lugar  adequado para crianças brincarem sozinhas. 
Quando eu comecei a me aproximar dela pude ver que as costas do seu 
vestido indicavam uma deformidade. Eu conclui que era a razão pela qual as pessoas simplesmente passavam e não faziam esforço algum em se importar com ela. Quando cheguei mais perto a garotinha lentamente baixou os olhos para evitar meu intenso olhar. Eu pude ver o contorno de suas costas mais claramente. Para era grotescamente corcunda. Eu sorri para lhe mostrar que eu estava bem e que estava lá para ajudar e conversar. Eu me sentei ao lado dela e iniciei com um olá. A garota reagiu chocada e balbuciou um "oi" após fixar intensamente meus olhos. Eu sorri e ela timidamente sorriu de volta. 
Conversamos até anoitecer e o parque já estava completamente vazio. 
Todos tinham ido e estávamos só. Eu perguntei porque a garotinha estava tão triste. Ela olhou para mim e me disse: 
"Porque eu sou diferente". Eu imediatamente disse sorrindo: "Sim você 
é". A garotinha ficou ainda mais triste dizendo: "Eu sei" "Garotinha", eu disse "você me lembra um anjo, doce e inocente". Ela olhou 
para mim e sorriu lentamente, levantou-se e disse: "De verdade?". 
"Sim querida, você é um pequeno anjo da guarda mandado para olhar 
todas estas pessoas que passam por aqui. Ela acenou com a cabeça e disse 
sorrindo "sim", e com isso abriu suas asas e piscando os olhos falou: "Eu sou seu anjo da guarda". Eu fiquei sem palavras e certa de que estava tendo visões. Ela finalizou, "quando você deixou de pensar unicamente em você, meu trabalho aqui foi realizado." 
Imediatamente eu me levantei e disse: "Espere, porque então ninguém 
mais parou para ajudar um anjo? Ela olhou para mim e sorriu: "Você foi a única capaz de me ver" e desapareceu. Com isso minha 
vida foi mudada drasticamente. Quando você pensar que está completamente só, lembre- se, seu anjo 
está sempre tomando conta de você. O meu estava! 

(texto de Teresa Atkins)