sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Sorte no Amor

Sorte no Amor
          Alguns diriam que Sarah não tinha muita sorte no amor, mas ela encarava de uma forma pior. Dizia-se amaldiçoada. Desde muito jovem, toda vez que se interessava por alguém, algo ruim acontecia. Rompimentos sem explicação, sem despedidas, traições e morte do companheiro. Ainda não havia se recuperado do acidente mal esclarecido que lhe tirou o Amyr quando o seu mais novo amigo, em quem ela tanto confiava, simplesmente desapareceu de sua vida.
Este rapaz sou eu. Apesar de conhecer sua triste história, não há nada que me faça querer estar com ela, pois isto implicaria em ainda mais sofrimento para todos nós.
Comecei a conversar com Sarah em uma dessas terapias em grupo. Ela mostrava-se tão forte, mesmo diante de todas as suas desgraças, que me chamou a atenção. Sonhei com ela, dei meus conselhos, pedi os dela, convidei-a para sair, e por mais que ela tivesse medo, depois de tudo o que lhe aconteceu, ela aceitou o convite. Nós nos divertimos bastante, eu me esqueci dos meus problemas, ela esqueceu os dela, e posso dizer que vivemos dias muitos felizes.
Mas aquilo acabou. Quando eu estava começando a gostar dela de verdade, e pensando em tentar algo mais sério, eu recebi a visita.
Um homem de roupa de couro preta chegou em uma moto, abriu o capacete e me explicou tudo o que eu precisava saber. "A Sarah não é para você", ele disse.
Fiquei pensando em como eu iria resolver aquilo, mas eu vi uma coisa que me fez acreditar, e não tenho outra saída, senão aceitar seus termos.
Eu queria poder contar que ela ainda irá conhecer o homem dos seus sonhos, mas que ele não é eu. Ela ainda não pode conhecê-lo, pois hoje ele é jovem demais para ela. Só daqui a uns quatro anos é que ela lhe daria alguma chance.
Sim, eu tive um encontro com um homem que veio do futuro. Ele pediu para que eu me afastasse dela, senão aconteceria algo ruim, da mesma forma como aconteceu com os outros.
Fico feliz por ela. Sarah ainda estará em idade de se casar e ter filhos quando ele aparecer em sua vida, e ele será o marido mais dedicado, mais apaixonado que ela poderia desejar. Quem mais faria por ela o que esse rapaz está fazendo? Deve ser difícil ficar voltando ao passado para vigiar a futura esposa.
É claro que não vou contar a ela sobre a visita dele. A primeira coisa que ela diria é que estou arranjando uma desculpa esfarrapada para lhe dar o fora. Qualquer motivo que eu invente para me afastar dela será apenas uma confirmação daquilo que ela já pensa sobre si mesma: é uma mulher amaldiçoada. Então resolvi somente parar de procurá-la, pois isto deve fazê-la sofrer menos.
Eu já vi uma foto, de algo que só vai acontecer daqui a dez anos. Ele deixou cair do bolso quando foi embora, e foi o que me convenceu a aceitar a situação.  Ela estava feliz ao lado dele, e com filhos.
Até conhecer este homem, tenha muita paciência, Sarah. O amor dói, mas tem suas recompensas.

                                                            L.F. Riesemberg

Caras Novas




 O Rio é a capital mundial da operação plástica. Não param de chegar estrangeiros para ver, não o pão de açúcar; mas, o Pitangui. Quem não consegue reserva com o Pitangui recorre a outros restauradores brasileiros, com menos nome, mas igualmente competentes (é o que dizem, eu não sei. Na única vez que eu consultei um cirurgião plástico ele foi radical: sugeriu outra cabeça. E aquela história do cara que era tão feio que foi desenganado pela cirurgia plástico?). Os responsáveis pelo turismo no Rio podiam montar um balcão no aeroporto - reserva de cirurgião - para receber os visitantes que chegam tapando o rosto e pedindo informações.
-Que tipo de operação o senhor deseja?
-Papada. Quero um bom homem de papada.
O cirurgião plástico, injustamente chamado de gigolô da vaidade, desempenha uma função social muito importante. Os eventuais exageros não são culpa sua. São os clientes que insistem.
-Minha senhora, é impossível esticar a sua pele ainda mais. Já lhe operei 17 vezes. Não tenho mais o que puxar.
-Desta vez só quero que você tire esta covinha do queixo.
-Isso não é covinha. É o seu umbigo.
Antigamente a cirurgia plástica era um recurso extremo.
-Querida, que bobagem, operar o nariz. Eu gosto do seu nariz assim como está. Casei com seu nariz quinado, casei com você.
-Acontece que eu não aguento mais o meu nariz. Não posso viver com ele mais nenhum minuto. Não quero mais ver esse nariz na minha frente.
-Mas uma operação plástica...
-Você tem que escolher, eu ele ou eu.
Hoje só falta das nas colunas sociais:
"Gigi reuniu um grupo de amigos para a inauguração do seu novo queixo- o terceiro em dois anos - que recebei muitos elogios. "Voluntarioso", "sensível", "um clássico", foram alguns comentários ouvidos durante a noite. "Não posso me queixar..." disse Gigi, com sua conhecida verve."
"Muito comentado o encontro casual de Dora Avante e Scaninha Vabis na pérgola da copa, sábado pela manhã. As duas estavam com o mesmo nariz. Domage..."
Imagino que no mundo da cirurgia plástica - que é uma forma de escultura com anestesia - devem existir algumas mesmas instituições do mundo das artes, que também são plásticas. Como a fofoca.
-O que vc esta achando da nova fase dele?
-Muita influencia estrangeira. Só do perfil romano.
-Achei o queixo da Gigi bem solucionado.
-Mas, nada original. Eu estava fazendo queixos assim há cem anos. O romantismo está ultrapassado. Ele não evoluiu.
-Por sinal, não deixe de ir ao meu vernissage.
-Vernissage?
-Vou expor alguns traseiros. Meu trabalho mais recente.
Mas tem um problema que me preocupa. Digamos que a americana rica se operou com o Pitangui. Esta contentíssima com o resultado e prepara-se para embarcar no avião de volta a Dallas. Ela tem que passar pelas autoridades no aeroporto.
-Seu passaporte, senhorita.
-Senhorita não, senhora.
-Perdão.
-Obrigada.
-Mas... Este passaporte não é seu.
-Como que não? Ai esta meu nome. Gertrude sou eu.
-Mas a fotografia é do Ronald Reagam.
-Ridículo.
-Está aqui. O Ronald Reagam de peruca.
-Essa sou eu.
-Impossível senhorita. Vamos ter que confiscar este passaporte. Providencie outro com a sua fotografia.
                                         Luís Fernando Veríssimo



UMA ANTIGA LENDA ÁRABE


Conta uma antiga lenda que na Idade Media um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher.
Na verdade, o autor era pessoa influente do reino e por isso, desde o primeiro momento se procurou um "bode expiatório" para acobertar o verdadeiro assassino. 
O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca.
Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história.
O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem a morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência.
Disse o juiz: sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do Senhor:
vou escrever num pedaço de papel a palavra INOCENTE e no outro pedaço a palavra CULPADO.
Você sorteara um dos papéis e aquele que sair será o veredicto.
O Senhor decidirá seu destino, determinou o juiz.
Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca.
Não havia saída.
Não havia alternativas para o pobre homem.
O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um.
O homem pensou alguns segundos e pressentindo a "vibração" aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou na boca e engoliu.
Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.
"Mas o que você fez?" E agora? Como vamos saber qual seu veredicto?"
"É muito fácil", respondeu o homem.
"Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o contrário."
Imediatamente o homem foi liberado.

MORAL DA HISTORIA:

Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar ate o ultimo momento.
Saiba que para qualquer problema há sempre uma saída.
Não desista, não entregue os pontos, não e deixe derrotar.

Persista, vá em frente apesar de tudo e de todos, creia que pode conseguir.

Prova De Amor



Saindo da escola, em uma esquina, estava uma senhora sentada na calçada. Observei! ela tinha pele clara e muito maltratada pelo sol. Comecei a observar todos os dias no mesmo horário, ela estava ali, naquele mesmo lugar, usava roupas velhas e quase não tinha forças. Todo mundo passava por ali, mas ninguém a notava, somente eu. Parecia que ela queria me falar algo. Então me aproximei e sentei um pouco ali com ela, parecia que nós já nos conhecíamos.
  Então foram muitos dias... e nós já estávamos amigos. Eu o ajudava com pouco de alimento, como eu podia. Uma semana depois, ela não apareceu mais, então eu fiquei preocupado e fui conseguir saber a onde ela morava. Para minha surpresa, ela tinha falecido por causa de uma doença muito rara, e ela sabia que mais cedo ou mais tarde  ela iria morrer. Fiquei triste e fui querer saber mais daquela mulher, que eu parecia conhecer tão bem.
  Falei para os meus pais, oque havia acontecido, e eles me falaram que aquela mulher, que todos os dias ia me ver na escola e que me olhava com tanto carinho, era a minha verdadeira mãe. Entrei em desespero! mas 

agradeci a Deus por ter me dado alguns dias felizes, perto da minha mãezinha. E então percebi porque que a nossa amizade foi tão intensa como de mãe para filho.

O Sonho


Eu tive um sonho, e nesse sonho eu vi uma placa, que estava escrito: doa-se amor. Então eu pensei, o que é doar amor? ainda pensando ... Quem precisa de amor?
  Como se fosse ficando tudo mais claro, olhei para o lado e observei, um rapaz que
de roubar uma senhora, e fiquei imaginado; quem dos dois precisa mais de amor? logo veio a resposta. Então fui atrás daquele rapaz, me aproximei dele perguntei:
  - Porque você está roubando? - e ele respondeu, que era viciado em drogas, e não tinha dinheiro para comprar.
  Escutei aquele rapaz por um bom tempo, já estava quase escurecendo. Falei para ele, se ele queria ir até a minha casa, onde poderia tomar banho, comer e dormir um pouco. Ele olho para mim e começou a chorar, chorava tanto que parecia uma criança assustada. Com vergonha do que havia acontecido ele me perguntou:
  - Por que você esta fazendo isso comigo ?  sou uma pessoa ruim, e não mereço tanto cuidado, vivo na rua, sem ninguém, roubo para sustentar meu vicio, não sou digno de bondade, não tenho futuro, sou alguém esquecido no mundo, que mais cedo ou mais tarde irá morrer, seja pelas mãos da policia ou de um traficante.
   Eu ali, querendo fazer o que o meu coração mandava. Peguei em seus braços, e carreguei-o comigo. Muito acanhado e sem saber o que fazer, ele entrou em minha casa. Estava deslumbrado pois, para quem vivia na rua, sem nada, tudo era fora da sua realidade.

   Ele e eu começávamos uma batalha pela vida. Dia após dia eu conseguia mostrar , a vida maravilhosa sem as drogas. Foi muito difícil pois foram muitas as recaídas. Com a ajuda de pessoas, que também se doavam por amor, conseguimos salvar mais uma vida. Doar-se é amar fazer o bem não importa a quem .

Porque as pessoas que amamos nos decepcionam?


Certa vez, li uma frase de Millôr Fernandes, que dizia: Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem. É exatamente isso! Convivemos, cotidianamente, com pessoas que não conhecemos. Julgávamos conhecer, nutríamos admiração e, de repente, descobrimos que tudo não passou de um engano. Nessa hora, deixamos aflorar os sentimentos mais sombrios que existem. Quanta decepção!
Não consigo entender como algumas pessoas possuem certa facilidade em ferir, magoar, ofender, rotular as outras. E o que é pior: agem pelo "instinto" e não se arrependem de tamanha maldade. Não percebem que agindo assim, transformam completamente o dia daquela pessoa, causando-lhe profunda dor e sofrimento. Que bom seria se praticássemos mais a linguagem do afeto, do carinho, do amor, para que não surgissem discussões que só trazem infelicidade, raiva ou conflito para ambas as partes.
Demorei uma vida inteira tentando aprender a "ler pessoas". Já me enganei, me decepcionei, inúmeras vezes... Criei expectativas demais, esperei demais delas e, infinitas vezes, elas simplesmente não corresponderam. Hoje, sou do tipo de pessoa que tem pouquíssimos amigos, mas os poucos que tenho são fieis e verdadeiros. Daquele tipo de amigo que me defende com unhas e dentes porque me conhecem verdadeiramente. Aceitam e respeitam meus defeitos e destacam minhas qualidades. Porque defeitos todos nós temos e apontar defeitos é muito fácil, difícil mesmo é reconhecer as qualidades do outro. E, mesmo com todas as decepções ao longo do caminho, posso afirmar que não excluo ninguém da minha vida, apenas reorganizo as posições e inverto as prioridades.
A gente aprende a amar, facilmente. Mas como deixar de amar, de gostar, de admirar? Deixar um sentimento verdadeiro para trás é tarefa árdua. A dor é inevitável. Mas essa ruptura, mais cedo ou mais tarde será necessária. Se você não se sente valorizado pelo outro, não vale a pena insistir na amizade, no relacionamento. É chegada a hora de se libertar. Refiro-me a liberdade de sentimentos. É possível sim, conviver com esse “tipo de gente” sem ter que se igualar a eles. Um primeiro passo seria assumir uma postura do tipo "eu me junto, mas não me misturo", e ter o cuidado de usar as palavras a seu favor, não como pedras que machucam, mas como afagos, procurando “abraçar” as pessoas ao seu redor através de suas palavras. Palavras dos sentimentos.
E para definir melhor esse meu momento “decepção”, nada melhor que deixar registrado aqui, as palavras dos sentimentos de uma grande mulher, que me acompanha há muito, muito, tempo.
“Não sei amar pela metade… Não sei viver de mentiras e nem sei voar de pés no chão… Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre… Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou sempre seguir meu coração… Não tentem me fazer ser quem não sou e não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente…”
                                                                                                        (Clarice Lispector)