terça-feira, 20 de novembro de 2012

Consciência Negra



CONSCIÊNCIA NEGRA
CONSCIÊNCIA NEGRA
Marcial Salaverry

Falar-se em "Consciência Negra", é algo que deve ser buscado em suas origens.
Os negros foram violentamente arrancados de seu torrão natal.
A violência sofrida fez com que se apegassem às suas origens, aos seus deuses, às suas crenças, como uma espécie de defesa contra as violências a que sempre foram submetidos.
Com a Abolição, começou outra espécie de preconceito. Os empregadores não conseguiam esquecer de que eram escravos recém libertos, sem qualquer tipo de cultura. Incapacitados portanto para qualquer tipo de trabalho que não fosse o braçal.
Assim a situação ficou durante muito tempo, com os negros praticamente segregados, sendo muito difícil qualquer tipo de progresso. O ingresso em escolas sempre era dificultado aos negros. Os problemas cada vez mais se acentuavam.
Contudo, com o passar do tempo, a situação foi mudando. Consequência natural da evolução mundial.
As mudanças, no entanto, não foram tão radicais a ponto de se poder dizer que hoje em dia não existe qualquer tipo de restrição ao progresso dos negros.
Há que se notar que ainda existe uma quase segregação. Podemos dizer com mais propriedade que existe um preconceito não se pode dizer racial, mas sim quanto às reais qualificações dos negros.
As chances não são iguais. Poucos são os empregadores que, analisando duas fichas de candidatos com igual grau de conhecimento e de qualificações, irá empregar o candidato negro em detrimento do branco.
Pode-se notar que na maioria das grandes Empresas, de qualquer tipo, são poucos os negros que conseguem cargos a nível de direção. Será por incapacidade, ou por uma espécie de preconceito disfarçado? É algo para ser pensado e repensado.
Já está provado de que com a mesma possibilidade de estudo e preparo a cor da pele não significa que determinada pessoa tem maior ou menor capacidade de desenvolver o intelecto, ou de desempenhar funções. A questão é algo digno de estudos.
Analisarem-se os porquês é outra questão. O que é necessário, é que certos conceitos e preconceitos sejam revistos, que se adquira uma melhor consciência da realidade, não digo nacional, mas mesmo mundial.
Há que se reverem certas posições para que doravante não se olhe mais para a cor da pele das pessoas, mas sim para sua real capacidade e inteligência.
Há que se evitar para o futuro esse tipo de coisas. A cor da pele não significa absolutamente nada para se aquilatar a real capacidade das pessoas.
Neste Dia da Consciência Negra é esse apelo que fica. Igualdade total de oportunidades e possibilidades de desenvolvimento.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Velhos Fantasmas


   

                Em um empoeirado sótão, os fantasmas discutiam uma forma de assombrar seu casarão para afugentar os novos moradores. “Há uma semana esses vivos se mudaram, e nem perceberam que moramos aqui. Vocês nada aprenderam em todos esses séculos?” – perguntou o mais velho do grupo. 
“Acho que estão ocupados com a mudança, senhor, e não tiveram tempo de prestar atenção” – disse outro espírito, otimista.
Um terceiro fantasma manifestou-se: “Bem, acho que é hora de tocar um pouco de piano à noite. Quando eles virem as teclas se movendo sozinhas, vão fugir correndo”.
"O que? Você acha que já não tentei isso?” – perguntou um pequeno fantasma que saiu do baú. “Na noite passada toquei todos os Noturnos de Chopin, e você pensa que eles ouviram? O marido saiu para trabalhar à noite. A mulher tomou sedativo e não ouviu uma só nota do meu concerto. E o filho deles passou a madrugada acordado no quarto, na frente do computador, com fones de ouvido!”. 
Pensativo, o fantasmagórico chefão quis saber o que mais já fora tentado. Uma entidade levantou timidamente o dedo e passou a relatar. 
"Como de hábito, ocupei-me da biblioteca. Abri e fechei as gavetas, folheei os livros, rabisquei o quadro negro, tudo como dita o costume”.
“E que resultados obteve? Deixou alguém em pânico?”.
 "Infelizmente, ninguém adentrou lá ainda. Creio que não gostam de ler”.
 “Mas era só o que me faltava!” – gritou o velho. “E você aí?”– apontou para outro desencarnado que participava da assembleia. “O que fez para ajudar?”. O jovem espectro, desligado do mundo dos vivos há menos tempo que seus companheiros, engoliram em seco, e disse:
Perdoe-me a franqueza, mas acho que estamos encrencados. Mesmo tentando os meios mais avançados de assombração, não tenho conseguido nada. Já cheguei a aparecer na tela do computador do rapaz e lhe pregar um susto com a careta mais sombria que consegui, mas o máximo que aconteceu depois foi ele rir, dizendo que já tinha caído nesse truque antes”.
Um desânimo começava a contagiar a todos, até que um deles sugeriu:
“E se juntássemos as nossas economias de ectoplasma e materializássemos um de nós? Nunca falha!”. O que foi respondido por outra visagem:
“Aquilo já está com a validade vencida! Além do mais, se eles filmarem uma aparição dessas vão colocar as imagens na tal internet, e daí sim que nosso sossego termina de vez”.
“Então o jeito é ficar com eles. Este sótão até que é grande”.
“Pode esquecer! Já ouvi que vão reformar e transformar isto aqui em um estúdio de gravação de músicas”.
“Oh, não daquelas músicas que o menino ouve, por favor!” – lamentaram-se.
Porém, apesar da aparente derrota a que os pobres mortos pareciam estar fadados, um brilhante espírito teve uma ideia bastante simples e eficaz: interferir na atmosfera ao redor da casa, impedindo que se chegassem quaisquer sinais que fizessem funcionar a internet, os celulares e os canais da televisão via satélite.
Em duas semanas os moradores deixaram o local.
                                                                                                        L.F. Riesemberg


CONTO DO GATO PRETO


          
GATO PRETO
Vivia em uma pequena cidade do interior, um homem sisudo que não tinha amigos e com uma característica terrível: NÃO GOSTAVA DE ANIMAIS. Sua mulher Ana, vivia sempre triste, porque o comportamento de seu marido tirava toda possibilidade de fazer amizades.
Certo dia apareceu em sua casa, um lindo gatinho preto. Ana não hesitou em tratar do gatinho: deu banho, comida e muito amor.
Na hora do almoço quando seu esposo João chegou, sentiu cheiro de animal em sua casa e ficou bravo com sua esposa que negou a existência do bichinho.
No dia seguinte João perdeu o emprego e veio chutando tudo o que encontrava no caminho e como chegou fora do horário deu de cara com o gatinho que dormia confortavelmente em uma poltrona macia. Ficou irado, xingou, gritou, esperneou e correu atrás do gato e esposa.
Passados três dias a vizinhança notou que não havia movimentação na casa e João falou a todos que sua esposa tinha ido para o interior encontrar-se com sua família.
A polícia, a pedido da família de Ana e vizinhos, invadiu a casa e vasculhou todos os cômodos e nada encontrou. Passou mais uma semana e retornaram a pedido das mesmas pessoas e invadiram o sótão que da última vez não verificaram.
Após olharem minuciosamente todos os detalhes daquele sótão, verificaram que havia uma parede de cimento fresco. Indagaram o que tinha acontecido e João disse aos policiais que estava reformando sua casa a partir daquele lugar.
Mas tudo o que se faz aqui nesta terra, um dia é descoberto, o policial bateu na parede de cimento fresco dizendo da boa estrutura de sua casa.Com a pancada, o cimento fresco cedeu e caiu, mostrando o rabo de um gato. Imediatamente os policiais apressaram em tirar todo o reboco e descobriram atônitos que Ana, esposa de João e o gato preto, agora com os olhos furados, foram enterrados vivos.
João foi preso e o mistério descoberto.

CONTO DE : Edgar Alan Poe

Minha Adolescência



     Faz muito tempo. Eu tinha onze anos. Meu sonho era morar sozinha. Pré-adolescente bocó, eu me sentia fora do lugar. Queria ir para a escola de ônibus, mas tinha que ir junto com minha irmã no especial, em minha concepção, lotado de "pirralhos". Enfim, eu já era meio chatinha. Melhorei em certos aspectos, piorei em outros e me mantive fiel à convicções traçadas na maternidade.
Demorou para eu morar sozinha. Vinte e oito anos ouvindo "não sou sócia " (porém eu entendo nesse momento o desespero da conta alta). Daí veio dois roo mates, um casamento, novamente casa da minha mãe após a separação, mais uma roo mate, outra volta e. Voltá! "A casa é sua/ Por que não chega agora?/ Até o teto tá de ponta-cabeça/ Porque você demora?” 
Na verdade... Adoro a música, deixaria esse alguém chegar nesse minuto. Ficar, habitar é outra coisa. Devo admitir: acho que não sei mais dividir meu espaço, minhas manias, minhas loucuras a não ser com Alice, minha gata. Não é egoísmo, é autopreservação.
Está tudo no lugar certo, mesmo que em dias pré-Cida de quase caos. Nesse lugar estou como quero, com minha pilha de livros na cabeceira. Minha garrafa de vinho aberta em plena quarta, meu CD do Radiohead tocando inúmeras vezes, meu buquê de flores comprado às sextas. Eu vejo o mesmo seriado (e choro), o mesmo filme (e choro) sem passar por canais de esporte. Acordo e limito-me a uma salada de frutas ou troco o jantar por uma cervejinha com tira-gosto.
É muito antagonismo para ser aceito como algo encantador. Ainda assim, decidi que minha liberdade foi conquistada com muito esforço, o que implica em nem sempre ceder ou agradar, em ter o direito de ir e vir sem ser questionada. O pacote também inclui generosidade e discrição.  Perguntas como: "quanto você gastou nesse creme anti-sinais?" ou "para que flor de sal se existe sal?" são irrelevantes. Fred Astaire, por exemplo, não as faria. Melhor dançar comigo.

O Vento



                                                Ao vento

Eu gosto desse vento gelado que vem da janela. Estou arrepiada e nem busco casaco ou manta. Eu vejo as manchinhas roxas na minha pele pálida, na minha carne trêmula e não sei distinguir quais vem da melancolia e quais de uma noite dessas, dias atrás.

Queria uma grande inspiração para agora. Não me repetir nas palavras, nas incertezas, nas atitudes. Queria suspirar por alguém, mesmo que dificilmente admita ou cada vez menos acredite nessa possibilidade. Disse essa semana para uma amiga que amor, para mim, é como a ararinha azul.

Pensei naquele moço que vive longe. Foi por instantes. Sempre são. Em algum momento do mês, me imagino como seria se estivesse com ele e faz mais de um ano que não o vejo. Há um sentindo enorme em pescar ilusões nessa distância. Se não der certo, não iremos nos encontrar no mesmo bar, os amigos não me darão notícia alguma dele e vai ser tranquilo esquecer.

O amor é uma ararinha azul. Eu fico aqui tomando vento frio, café quente e nenhuma decisão significativa. Olho para minhas manchinhas roxas. Estou lendo um romance: me identifiquei com a personagem, suas convicções e maneira de ver a vida. Não terminei o livro, mas sei o que acontece no final. E quanto ao meu?

Procuro pistas no horóscopo online, que me aconselha a ser o contrário do que sou. Se eu for paciente, se eu deixar de ser impulsiva, dramática, delirante, o Senhor Destino me dá um presente? Desculpe, acho que ando cética demais para cogitar essas barganhas.

Fecho os olhos e escuto Roy Orbinson. Ele me consola, tira do foco alguns devaneios (ainda que alimente outros). Como se fosse meditação para minha mente inquieta, espinha torta e coração intranquilo. E cá estou eu, recontando a mesmíssima história.
           

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Carta de um defunto rico




 "Meus caros amigos e parentes. Cá estou no carneiro nº 7..., da 3ª quadra, à direita, como vocês devem saber, porque me puseram nele. Este Cemitério de São João Batista da Lagoa não é dos piores. Para os vivos, é grave e solene, com o seu severo fundo de escuro e padrasto granítico. A escassa verdura verde-negra das montanhas de roda não diminuiu em nada a imponência da antiguidade da rocha dominante nelas. Há certa grandeza melancólica nisto tudo; mora neste pequeno vale uma tristeza teimosa que nem o sol glorioso espanta... Tenho, apesar do que se possa supor em contrário, uma grande satisfação; não estou mais preso ao meu corpo. Ele está no aludido buraco, unicamente a fim de que vocês tenham um marco, um sinal palpável para as suas recordações; mas anda em toda a parte.

Consegui afinal, como desejava o poeta, elevar-me bem longe dos miasmas mórbidos, purificar-me no ar superior - e bebo, como um puro e divino licor, o fogo claro que enche os límpidos espaços.

Não tenho as dificultosas tarefas que, por aí, pela superfície da terra, atazanam a inteligência de tanta gente.

Não me preocupa, por exemplo, saber se devo ir receber o poderoso imperador do Beluchistã com ou sem colarinho; não consulto autoridades constitucionais para autorizar minha mulher a oferecer ou não lugares do seu automóvel a príncipes herdeiros - coisa, aliás, que é sempre agradável às senhoras de uma democracia; não sou obrigado, para obter um título nobiliárquico, de uma problemática monarquia, a andar pelos adelos, catando suspeitas bugigangas, e pedir a literatos das ante-salas palacianas que as proclamem raridades de beleza, a fim de encherem salões de casas de bailes e emocionarem os ingênuos com recordações de um passado que não devia ser avivado.

Afirmando isto, tenho que dizer as razões. Em primeiro lugar, tais bugigangas não têm, por si, em geral, beleza alguma; e, se a tiveram era emprestada pelas almas dos que se serviram delas. Semelhante beleza só pode ser sentida pelos descendentes dos seus primitivos donos.

Demais, elas perdem todo o interesse, todo o seu valor, tudo o que nelas possa haver de emocional, desde que percam a sua utilidade e desde que sejam retiradas dos seus lugares próprios. Há senhoras belas, no seu interior, com os seus móveis e as costuras; mas que não o são na rua, nas salas de baile e de teatro. O homem e as suas criações precisam, para refulgir, do seu ambiente próprio, penetrado, saturado das dores, dos anseios, das alegrias de sua alma; é com as emanações de sua vitalidade, é com as vibrações misteriosas de sua existência que as coisas se enchem de beleza.

É o sumo de sua vida que empresta beleza às coisas mortais; é a alma do personagem que faz a grandeza do drama, não são os versos, as metáforas, a linguagem em si etc. etc. Estando ela ausente, por incapacidade do ator, o drama não vale nada.

Por isso, sinto-me bem contente de não ser obrigado a caçar, nos belchiores e cafundós domésticos, bugigangas, para agradar futuros e problemáticos imperantes, porque teria que dar a elas alma, tentativa em projeto que, além de inatingível, é supremamente sacrílego.

De resto, para ser completa essa reconstrução do passado ou essa visão dele, não se podia prescindir de certos utensílios de uso secreto e discreto, nem tampouco esquecer determinados instrumentos de tortura e suplício, empregados pelas autoridades e grão-senhores no castigo dos seus escravos.

Há, no passado, muitas coisas que devem ser desprezadas e inteiramente eliminadas, com o correr do tempo, para a felicidade da espécie, a exemplo do que a digestão faz, para a do indivíduo, com certas substâncias dos alimentos que ingerimos.

Mas... estou na cova e não devo relembrar aos viventes coisas dolorosas.

Os mortos não perseguem ninguém e só podem gozar da beatitude da superexistência aqueles que se purificam pelo arrependimento e destroem na sua alma todo o ódio, todo o despeito, todo o rancor.

Os que não conseguem isso - ai deles!

Alonguei-me nessas considerações intempestivas, quando a minha tenção era outra.

O meu propósito era dizer a vocês que o enterro esteve lindo. Eu posso dizer isto sem vaidade, porque o prazer dele, da sua magnificência, do seu luxo, não é propriamente meu, mas de vocês, e não há mal algum que um vivente tenha um naco de vaidade, mesmo quando é presidente de alguma coisa ou imortal da Academia de Letras.

Enterro e demais cerimônias fúnebres não interessam ao defunto; elas são feitas por vivos para vivos.

É uma tolice de certos senhores disporem nos seus testamentos como devem ser enterrados. Cada um enterra seu pai como pode - é uma sentença popular, cujo ensinamento deve ser tomado no sentido mais amplo possível, dando aos sobreviventes a responsabilidade total do enterro dos seus parentes e amigos, tanto na forma como no fundo.

O meu, feito por vocês, foi de truz. O carro estava soberbamente agaloado; os cavalos bem paramentados e empenachados; as riquíssimas coroas, além de ricas, eram lindas. Da Haddock Lobo, daquele casarão que ganhei com auxílio das ordens terceiras, das leis, do câmbio e outras fatalidades econômicas e sociais que fazem pobres a maior parte dos sujeitos e a mim me fizeram rico; da porta dele até o portão de São João Batista, o meu enterro foi um deslumbramento. Não havia, na rua, quem não perguntasse quem ia ali.

Triste destino o meu, esse de, nos instantes do meu enterramento, toda uma população de uma vasta cidade querer saber o meu nome e dali a minutos, com a última pá de terra deitada na minha sepultura, vir a ser esquecido, até pelos meus próprios parentes.

Faço esta reflexão somente por fazer, porque, desde muito, havia encontrado, no fundo das coisas humanas, um vazio absoluto.

Essa convicção me veio com as meditações seguidas que me foram provocadas pelo fato de meu filho Carlos, com quem gastei uma fortuna em mestres, a quem formei, a quem coloquei altamente, não saber nada desta vida, até menos do que eu.

Adivinhei isto e fiquei a matutar como que é que ele gozava de tanta consideração fácil e eu apenas merecia uma contrariedade? Eu, que...

Carlos, meu filho, se leres isto, dá o teu ordenado àquele pobre rapaz que te fez as sabatinas por "tuta-e-meia"; e contenta-te com o que herdaste do teu pai e com o que tem tua mulher! Se não fizeres... ai de ti!

Nem o Carlos nem vocês outros, espero, encontrarão nesta última observação matéria para ter queixa de mim. Eu não tenho mais amizade, nem inimizade.

Os vivos me merecem unicamente piedade; e o que me deu esta situação deliciosa em que estou foi ter sido, às vezes, profundamente bom. Atualmente, sou sempre...

Não seria, portanto, agora que, perto da terra, estou, entretanto, longe dela, que havia de fazer recriminações a meu filho ou tentar desmoralizá-lo. Minha missão, quando me consentem, é fazer bem e aconselhar o arrependimento.

Agradeço a vocês o cuidado que tiveram com o meu enterro; mas, seja-me permitido, caros parentes e amigos, dizer a vocês uma coisa. Tudo estava lindo e rico; mas um cuidado vocês não tiveram. Por que vocês não forneceram librés novas aos cocheiros das caleças, sobretudo, ao do coche, que estava vestido de tal maneira andrajosa que causava dó?

Se vocês tiverem que fazer outro enterro, não se esqueçam de vestir bem os pobres cocheiros, com o que o defunto, caso seja como eu, ficará muito satisfeito. O brilho do cortejo será maior e vocês terão prestado uma obra de caridade.

Era o que eu tinha a dizer a vocês. Não me despeço, pelo simples motivo de que estou sempre junto de vocês. É tudo isto do

José Boaventura da Silva.
N.B. - Residência, segundo a Santa Casa: Cemitério de São João Batista da Lagoa; e segundo a sabedoria universal, em toda a parte. - J.B.S."

Posso garantir que transladei esta carta para aqui sem omissão de uma vírgula.

Bruxas não existem




Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".

Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.

Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando "bruxa, bruxa!".

Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil. Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.

- Vamos logo - gritava o João Pedro -, antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente, conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho, era o último.

E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim sua fúria.

Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade surpreendente.

- Está quebrada - disse por fim. - Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.

Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa. "Chame uma ambulância", disse a mulher à minha mãe. Sorriu.

Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana Custódio.

Aprenda a chamar a polícia



Era uma vez...
Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranquilamente.

Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.

Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

–Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!

Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado.
Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
– Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

– Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.



O monstro em mim



O monstro em mim
Há um monstro dentro de mim.
Ele aparece principalmente quando você está por perto.
Observa pelos meus olhos os seus gestos, me retorce as entranhas num nó de fúria e sussurra, de mim para mim, as lições que eu deveria lhe dar.
Esse monstro me mata, amor. E mata devagar. E ele já se mostrou a você.
Na primeira vez, éramos somente nós, e eu me abri, revelei meu caráter mais íntimo, e lhe mostrei o que existe dentro de mim. Você não disse nada. Mudou o assunto, comprar cerveja, alugar um filme – mas vi nos seus olhos aquele desassossego de quem tenta enganar o medo.
Na segunda vez, tivemos platéia. O erro, o grito, os queixos esmurrados, o escândalo. Lembro-me quase sorrindo dos olhares chocados no bar. Lembro-me quase chorando das suas ameaças, mas não me deixe, não, amor, eu serei bom…
Foi só do muito que eu a quero que consegui fazê-la ficar. Recolhi o demônio ao meu calabouço mais profundo, barrei-o, soquei-o em mim, embalsamado. Então, cumulei-a de flores, perfumes, momentos de calmaria e gentileza, e olhe, amor é a nossa música tocando no rádio. Dancemos.
Chorar, nunca. A besta permite nunca o lamento e sempre o ódio.
Mas o monstro cochila e pisca os olhos sonolentos, muito vivos, para mim. Ele me diz que eu devo ser severo. Para puni-la por tudo o que ainda não fez. Para não deixar que você me engane. Você me engana, amor? Com os abraços e os beijinhos e os amigos que na sua boca são apenas amigos e talvez na sua esperança sejam mais? Você me diz que não há malícia, não há maldade neste mundo a não ser em mim, mas ilude-se e me ilude consigo: há interesse nos gestos casuais desses sujeitos que a cercam.
Você é belíssima. Bela demais para ser de um homem só. Bela demais para que o homem que a tem suporte dividi-la com outros.
A besta que reside em mim vigia seu domínio, querida. Você e eu? Suas vítimas. Seu nome? O ciúme.
Esse monstro me mata, amor. E, um dia, matará a nós dois.



Peregrina, a peregrina
Andava a peregrinar
Em cata de um cavaleiro
Que lhe fugiu, mal pesar!
A um castelo torreado
Pela tarde foi parar:
Sinais certos, que trazia
Do castelo, foi achar.
- «Mora aqui o cavaleiro?
Aqui deve de morar.»
Respondera-lhe uma dona
Discreta no seu falar:
- «O cavaleiro está fora,
Mas não deve de tardar.
Se tem pressa a peregrina,
Já lho mandarei chamar.»
Palavras não eram ditas,
O cavaleiro a chegar:
- «Que fazeis porqui, senhora,
Quem vos trouxe a este lugar?»
- «O amor de um cavaleiro
Por aqui me faz andar.
Prometeu de voltar cedo,
Nunca mais o vi tornar.
Deixei meu pai, minha casa,
Corri por terra e por mar
Em busca do cavaleiro,
Sem nunca o poder achar.»
- «Negro fadairo, senhora,
Que tarde vos fez chegar!
Eu de vosso pai fugia
Que me queria matar;
Corri terras, passei mares,
A este castelo vim dar.

Antes que fosse ano e dia
(Vós me fizestes jurar)
Com outra dama ou donzela
Não me havia desposar.
Ano e dia eram passados
Sem de vós ouvir falar,
Co’a dona desse castelo
Eu ontem me fui casar...»
Palavras não eram ditas,
A peregrina a expirar.
- «Ai penas de minha vida,
Ai vida de meu penar!
Que farei desta lindeza
Que em meus braços vem finar?»

Do alto de sua torre
A dama estava a raivar:
- «Leva-la daí, cavaleiro,
E que a deitem ao mar.»
- «Tal não farei eu, senhora,
Que ela é de sangue real...
E amou com tanto extremo
A quem lhe foi desleal.
Oh! quem não se sabe ser firme,
Melhor fora não amar.»
Palavras não eram ditas
O cavaleiro a expirar.
Manda a dona do castelo
Que os vão logo enterrar
Em duas covas bem fundas
Ali junto à beira-mar.
Na campa do cavaleiro
Nasce um triste pinheiral;
E na campa da princesa
Um saudoso canavial.
Manda a dona do castelo
Todas as canas cortar;
Mas as canas das raízes
Tornavam a rebentar:
E à noite a castelhana
As ouvia suspirar.

Romanceiro, Almeida Garrett






Se eu tivesse minha vida  para viver de novo

Eu gostaria de fazer erros da próxima vez
Eu relaxaria. Eu seria flexível.
Eu faria mais bobagens do que fiz nesta viagem
Eu levaria menos coisas a sério
Eu me arriscaria mais
Eu escalaria mais montanhas e nadaria mais rios
E talvez tivesse mais problemas reais,
mais teria menos imaginários

Sabe, eu sou uma destas pessoas que vivem sensatas e direitinhas,
hora após hora, dia após dia.
Ah, eu tive meus momentos, e se tivesse de fazer de novo,
eu os teria muito mais.
Só momentos, um após o outro,
em vez de viver tantos anos a frente de cada dia.

Eu tenho, sido uma destas pessoas que nunca vai a lugar algum sem um termômetro, uma garrafa de água quente, uma capa de chuva e um paraquedas.

Se eu tivesse minha vida para viver de novo, eu ficaria descalço mais sedo na primavera e permaneceria assim até mais tarde no outono.
Eu iria a mais festas, eu andaria em mais carrosséis.
Eu apanharia mais margaridas.


Autor desconhecido

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MENSAGEM DO VELHO AO MOÇO



Você já foi criança um dia... Mas os anos se dobraram e fizeram de você um jovem, quase um adulto...
E agora você me olha com certo desprezo só porque muitos anos se dobraram para mim e hoje eu sou um velho...
Você observa minhas mãos trêmulas e encarquilhadas e se esquece que foram as primeiras a acariciar as suas, inseguras na infância.
Critica os meus passos lentos, vacilantes, esquecendo-se de que foram eles que orientaram seus primeiros passos.
Reclama quando lhe peço para ler uma palavra que meus olhos já não conseguem vislumbrar com precisão, esquecido das várias palavras que eu repeti inúmeras vezes para que você aprendesse a falar.
Fala da lentidão das minhas decisões, esquecendo-se de que suas primeiras decisões foram por elas balizadas.
Diz que eu sou um velho desatualizado, mas eu confesso que pensei muito pouco em mim, para fazer de você um homem de bem.
Reclama da minha saúde debilitada, mas creia, muito trabalho foi preciso para garantir a sua.
Ri quando não pronuncio corretamente uma palavra, mas eu lhe afirmo que esqueci de mim mesmo, para que você pudesse cursar uma Universidade.
Diz que não possuo argumentos convincentes em nossos raros diálogos, todavia, muitas foram as vezes que advoguei em seu favor nas situações difíceis em que se envolvia.
Hoje você cresceu...
É um moço robusto e a juventude lhe empolga as horas...
Esqueceu sua infância, seus primeiros passos, suas primeiras palavras, seus primeiros sorrisos...
Mas acredite, tudo isso está bem vivo na memória deste velho cansado, em cujo peito ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora...
É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta...
Só notei naquele dia... Naquele dia em que você me chamou de velho pela primeira vez, e eu olhei no espelho...
Lá estava um velho de cabelos brancos, vincos profundos na face e um certo ar de sabedoria que na imagem de ontem não existia.
Por isso eu lhe digo, meu jovem, que o tempo é implacável, e um dia você também contemplará o espelho e perceberá que a imagem nele refletida não é mais a que hoje você admira...
Mas você sentirá que em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso...
Que o afeto que você cultivou não se desvaneceu...
Que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos...
Que as palavras amargas ainda lhe ferem com a mesma intensidade...
E que apesar dos longos invernos suportados, você não ficou frio diante da indiferença dos seres que embalou na infância...
Por isso que eu lhe aconselho, meu filho:
Não ria nem blasfeme do estado em que eu estou, eu já fui o que você é, e você será o que eu sou...
Aquele que despreza seus velhos, é como galho que deixa o tronco que o sustenta tombar sem apoio.
A ingratidão para com os que nos sustentaram na infância é semente de amargura lançada no solo, para colheita futura.
Assim, façamos aos nossos velhos o que gostaríamos que nos fizessem quando a nossa idade já estiver bastante avançada.
Pensemos nisso!

(autor desconhecido)

A IMPORTÂNCIA DE SER VOCÊ MESMO!





Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o Samurai sentiu-se repentinamente inferior. Ele então disse ao Mestre:
- "Por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por que estou me sentindo assustado agora?"
O Mestre falou:
- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."
Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o Samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o Samurai perguntou novamente:
- "Agora o senhor pode me responder por que me sinto inferior?"
O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse:
- "Olhe para estas duas árvores: a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior: 'Por que me sinto inferior diante de você?' Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."
O Samurai então argumentou:
- "Isto se dá porque elas não podem se comparar."
E o Mestre replicou:
- "Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer. Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica: ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida!"

(Autor desconhecido

A árvore torta




Um dia, diante da velha árvore torta, um pinheiro todo vergado pelo tempo, o sábio da aldeia ofereceu a sua própria casa para aquele discípulo que “conseguisse ver o pinheiro na posição correta”.
Todos se aproximaram e ficaram pensando na possibilidade de ganhar a casa e o prestígio, mas como seria  “enxergar o pinheiro na posição correta”? O mesmo era tão torto que a pessoa candidata ao prêmio teria que ser no mínimo contorcionista.
Ninguém ganhou o prêmio e o velho sábio explicou ao povo ansioso, que ver aquela árvore em sua posição correta era “vê-la como uma árvore torta”. 
Só isso! Nós temos em nós, esse jeito, essa mania de querer “consertar as coisas, as pessoas, e tudo mais” de acordo com a nossa visão pessoal. Quando olhamos para uma árvore torta é extremamente importante enxergá-la como árvore torta, sem querer endireitá-la, pois é assim que ela é. se você tentar “endireitar” a velha árvore torta, ela vai rachar e morrer, por isso é fundamental aceitá-la como ela é.
Nos relacionamentos é comum um criar no outras expectativas próprias,  esperar que o outro faça aquilo que ele “sonha” e não o que o outro pode oferecer. Sofremos antecipadamente por criarmos expectativas que não estão alcance dos outros. 
Porque temos essa visão de “consertar” o que achamos errado. 
Se tentássemos enxergar as coisas como elas realmente são, muito sofrimento seria poupado.
Os pais sofreriam menos com os seus filhos, pois os conhecendo, não colocariam expectativas que são suas, na vida dos mesmos, gerando crianças doentes, frustradas, rebeldes e até vazias.
Tente, pelo menos tente ver as pessoas como elas realmente são, pare de imaginar como elas deveriam ser, ou tentar consertá-las da maneira que você acha melhor. O torto pode ser a melhor forma de uma árvore crescer.
Não criei mais dificuldades no seu relacionamento, se vemos as coisas como elas são muitos dos nossos problemas deixam de existir, sem mágoas, sem brigas, sem ressentimentos.
e para terminar, olhe para você mesmo com os “olhos de ver” e enxergue as possibilidades, as coisas que você ainda pode fazer e não fez. Pode ser que a sua árvore seja torta aos olhos das outras pessoas, mas pode ser a mais frutífera, a mais bonita, a mais perfumada da região, e isso, não depende de mais ninguém para acontecer, depende só de você.
Pense nisso!

Paulo Roberto Gaefke

terça-feira, 28 de agosto de 2012




Precisa-se de mão de obra para construir um País
Pablo Teach
(não é de João Ubaldo Ribeiro)
    Como é difícil construir uma grande nação com mão de obra desqualificada. Temos um ótimo terreno, boa matéria prima, já até pegamos o dinheiro com agiotas internacionais para construí-las, mas definitivamente falta mão de obra qualificada.
    Dizia o Premier Churchill, “todo povo tem o governo que merece”. Deveras que estava certíssimo a respeito.
    A crença anterior era que Collor não servia como também não serviu Itamar e FHC, agora dizemos que Lula não serve.
    E o que vier após o Lula também não servirá, aposto isso com você.
    Por isso começo a suspeitar que o problema não estivesse no ladrão que era Collor nem na farsa que é o Lula.
    O problema esta em nós como POVO!!!
    O brasileiro taxa os políticos como desonestos, sem qualificação e preguiçosos e logo fico a imaginar como seria uma leva de políticos honestos, bem qualificados e trabalhadores querendo construir um grande país sem mão de obra qualificada.
    Nossa brasilinidade nos ensina a arte de sermos individualistas e espertos.
    Moro num país onde o telefone público externo jamais poderá ter uma lista telefônica, onde o usuário procura pelo numero e após achá-lo deixa a lista onde está, sem levá-la para casa, tampouco vendê-la como quilo de papel .
    Pertenço a um pais onde não se pode perder uma passagem de ônibus pois provavelmente o espertalhão que a acha-la logo se encaminhará para o guichê da empresa querendo, SEU DINHEIRO DE VOLTA PORQUE NÃO IRÁ MAIS VIAJAR, onde as pessoas pouco importam se quem perdeu tem dinheiro para comprar outra passagem .
    Onde empresário desonestos donos de empresas de ônibus reencarroça ônibus com quase 30 anos de uso na intenção de iludir o passageiro que o ônibus é todo novo, quando na verdade apenas a carroceria é nova.
    Um país que tem um exercito inútil na paz e incapaz na guerra, onde seus comandantes ao invés de fazer treinamento tático para evitar fazer vergonha com fizeram na campanha de Canudos e na Guerrilha do Araguaia gastam seu tempo tramando golpes como fizeram em 1930 e 1964 .
    Queremos construir num terreno onde não existe terremoto, maremoto, tsunami, furações, vulcões e tremores de terra uma grande nação com funcionários públicos que saqueiam as repartições publicas a fim de levar papéis, borrachas, clipes, canetas, e tudo que se puder carregar para casa e repartir com seus parentes e vizinhos.
    Onde quando convocado para depor numa CPI o depoente insiste em repetir durante todo o depoimento um sonoro NÃO SEI RESPONDER, SENHOR PRESIDENTE.
    Onde banheiros públicos não podem ter sabonete, toalha de rosto e papel higiênico porque seus usuários ou fazem mal uso desses objetos OU SIMPLESMENTE OS COLOCA NA BOLSA E OS LEVA PARA CASA.
    Um país onde a maior autoridade (o presidente da república) é taxada pela imprensa estrangeira como alcoólatra, e dá infelizes entrevistas como aquela que ele desincetiva a leitura.
    Onde cada praça destes pais tem que ter ao menos 4 vigilantes se alternada para evitar que algum espertalhão leve a TV da praça para casa, bem como o vaso sanitário e as plantas mais interessantes.
    Nascido aqui me entristeço, pois que Lula renunciasse ainda hoje logo seu sucessor terá que trabalhar com a mesma falta de matéria prima.
    NÃO! NÃO! NÃO! , já é hora de dar um basta neste “JEITO ESPERTO DE SER BRASILEIRO” é hora de revermos nossos qualidades como seres humanos, quero pertencer a um pais onde a “ESPERTEZA” NÃO é uma moeda tão ou mais valorizada que o dólar.
    Quero pertencer a um pais onde ficar rico da noite para o dia não será uma virtude mais apreciada que formar uma família baseada no respeito aos demais.

Abraços a todos
Pablo Teach
Movimento legalista Muda Já

Drogas




AS DROGAS
V.M. Rabolú

        Vamos tratar de um assunto que representa um papel de muita importância, que nem a ciência, nem os governos, nem ninguém conseguiu uma fórmula apropriada para acabar com este flagelo que está consumindo a maior parte da humanidade, incluindo a juventude mais do que tudo. É o flagelo da droga!
        Vocês sabem que a droga está disseminada por todo o planeta e muito mais entre os jovens. Caíram por ignorância, ou buscando algo superior dentro da droga e, em realidade, a droga é algo não somente nocivo para o corpo físico ou tridimensional, senão para a parte espiritual, por isso vou permitir-me dar-lhes uma pequena explicação do que pude conseguir investigar fora da parte tridimensional e ver todos os estragos que a droga está fazendo.
        Vemos muito bem que um jovem começa a ingerir a droga e em curto tempo está feito um velho decrépito, porque a droga afeta a parte sexual. A pessoa chega à impotência sexual prematuramente. Por quê? Se se inala pelo nariz, a respiração está conectada diretamente com a parte sexual, com a energia, e é lógico que vai acabando com a parte sexual; ao acabar com a energia, acaba com a vida rapidamente.
        Se passarmos os olhos ao corpo vital, ou corpo etérico, à quarta coordenada, o corpo vital de uma pessoa comum e corrente é visto resplandecente, brilhante. Em troca, num drogado vai-se descolorindo, desintegrando-se essa parte vital. Vai perdendo seu brilho, até ficar um cadáver.
        O vital, sabemos que é o que vitaliza ou que dá vida e repara o corpo físico, nos momentos em que o corpo descansa e dorme. Se perdermos a parte vital, é lógico que estamos à beira do cemitério.
        Se passarmos à quinta dimensão, vemos o corpo astral do drogado que anda como um idiota, como um louco desenfreado, fazendo e desfazendo. E se olhamos dentro desse corpo astral, o que chamamos o ego, os demônios que levamos dentro de nós, estão num grande festim. Por quê? Porque a pessoa, por meio da droga, está alimentando esses elementos psíquicos que nós desejamos destruir. Em troca, a droga é um alimento para eles.
        Se passarmos ao corpo mental e examinamos o cérebro de um drogado, vemos totalmente destruídos os tecidos do cérebro do corpo mental. Vão-se abrindo gretas e vão apodrecendo, destruindo-se a si mesmos e o resultado é a repercussão na parte física, na qual a pessoa se desequilibra e comete barbaridades, por causa do desequilíbrio mental, pela ruptura do corpo mental.
        E existe algo mais grave ainda, se passamos ao mundo causal. A essência começa a sofrer as conseqüências das drogas, porque ela anda superadormecida. Anda como um bêbado que já vai cair ao solo. Assim se vê a essência de um drogado.
        De modo que observem não somente os danos tridimensionais, senão internamente os estragos que a droga faz sobre uma pessoa que se dedica ao seu consumo. Isso é grave!
         Existem muitas pessoas no Movimento Gnóstico que passaram por esta experiência da droga. Essas pessoas demorarão muito mais tempo em despertar a consciência. Até que por meio da própria energia vão curando, pouco a pouco, todas estas atrocidades que fez a droga dentro deles mesmos. São destroços nos corpos internos.
        De modo que estas pessoas demorarão um pouco mais. Porém vemos como se recuperam. No trabalho com os três fatores vai-se recuperando o corpo físico, vai-se recuperando o corpo vital, e assim sucessivamente. À medida que a pessoa vai trabalhando, vai recuperando os diferentes corpos e assim poderá chegar a ser uma pessoa normal e capacitada para trabalhar e libertar-se.
        De modo que, pois, isto é algo que se devia publicar nos jornais em todas as partes, nos meios de difusão, para o bem da humanidade, e muito mais da juventude, que é o povo de amanhã. A nossa esperança é a juventude e não devemos deixá-la sucumbir por nossa inatividade.
        Dentro do Movimento Gnóstico entraram muitíssimos drogados, já muitas vezes até loucos. E com o trabalho dos três fatores se regeneraram e voltaram verdadeiramente a ser pessoas normais, úteis para a sociedade.
        O que acontece é que a um drogado se deve fazer mudar de cidade ou do povoado ao qual ele pertence, para tirá-lo desse círculo, porque eles se associam por grupos para se drogar e todas essas coisas. Tirá-lo desses lugares para outro bairro, ou cidade, onde não tenha essa associação, não tenha esse contato. Pois eles, ao se verem sós, abandonam mais facilmente o vício. O que eles não podem é dentro de seu próprio bairro ou cidade abandoná-lo, posto que por onde quer que se metam, encontram companheiros que lhas oferecem, os provocam, e voltam outra vez a cair na droga.
        Porém, se os tiram do povoado, que se vão a outro lugar, respondem muito bem, porque todos querem deixar a droga. O que acontece é que não encontram como faze-lo.
         Então, vamos indicar-lhes, por exemplo, que mudem primeiramente do lugar onde se encontram e assim eles podem afastar-se desse companheirismo e abandonar a droga, porque assim nós o temos feito e deu muito bons resultados.
        Não existe outra fórmula especial, posto que são três fatores. Ensinar-lhes a trabalhar com a morte do ego, pois há mudanças neles e se arrependem, deixam estes vícios.

Recomeçar




Recomeçar

Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível
e necessário "Recomeçar". 
Recomeçar é dar uma nova 
chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida
e o mais importante:
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado.

Chorou muito?
Foi limpeza da alma.

Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes?
É por que fechaste a porta até para os outros.

Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora.

Pois é!
Agora é hora de iniciar,
de pensar na luz,
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um novo emprego?
Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso,
ou aquele velho desejo de apender a pintar,
desenhar,
dominar o computador,
ou qualquer outra coisa?

Olha quanto desafio.
Quanta coisa nova nesse mundão
de meu Deus te esperando.

Tá se sentindo sozinho?
Besteira!
Tem tanta gente que você afastou
com o seu "período de isolamento",
tem tanta gente esperando apenas um
sorriso teu para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza nem
nós mesmos nos suportamos.
Ficamos horríveis.
O mau humor vai comendo nosso fígado,
até a boca ficar amarga.

Recomeçar!
Hoje é um bom dia para começar
novos desafios.

Onde você quer chegar?
Ir alto.
Sonhe alto,
queira o melhor do melhor,
queira coisas boas para a vida.
pensamentos assim trazem para nós
aquilo que desejamos.

Se pensarmos pequeno,
coisas pequenas teremos.

Já se desejarmos fortemente o melhor
e principalmente lutarmos pelo melhor,
o melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da Faxina Mental.
Joga fora tudo que te prende ao passado,
ao mundinho de coisas tristes,
fotos,
peças de roupa,
papel de bala,
ingressos de cinema,
bilhetes de viagens,
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados.
Jogue tudo fora.
Mas, principalmente,
esvazie seu coração.
Fique pronto para a vida,
para um novo amor.

Lembre-se somos apaixonáveis,
somos sempre capazes de amar
muitas e muitas vezes.
Afinal de contas,
nós somos o "Amor".

( Não é de Carlos Drummond de Andrade)